Todos os dias milhões de brasileiros vão para o trabalho como que se
fossem "sardinhas enlatadas".
As condições básicas e
objetivas para que o movimento com as maciças manifestações de ontem (17/07) eclodisse
já existem no Brasil a muito tempo, possivelmente
a décadas. Devido ao histórico caráter ordeiro e educado do povo brasileiro elas
estavam submersas nos sentimentos reprimido das pessoas.
A classe política é alvo de
indignação não é de hoje e não só no Brasil, na Grécia antiga e no Império
Romano também existiram políticos que cometeram a ilegalidade. Isso nunca
impediu que as sociedades evoluíssem e que bons governos proporcionassem ações
que culminassem em melhora na qualidade de vida dos cidadãos. Porém,
infelizmente, nada é perfeito, como acontecem coisas certas, também acontecem
coisas erradas e mesmo os acertos e os erros precisam ser mitigados, o que
serve para mim não serve para o meu vizinho.
Diante de um quadro onde
investimentos em infra-estrutura foram feitos para os eventos Copa do Mundo do
ano que vem e para as Olimpíadas de 2016, com obras que ainda não estão
concluídas, portanto, não estão totalmente disponíveis para a população, o
discurso que defende que estes gastos poderiam ter sido feitos em investimentos
nas áreas da saúde e da educação é um apelo que sempre vai encontrar apoio.
A educação e a saúde,
principalmente esta ultima, no que tange a obrigação do Poder Público, estão em
crise desde de que eu me entendo por gente, salvo algumas raras exceções são
deficientes permanentemente. Não adianta o cidadão da periferia poder comprar
um carro, uma geladeira e outros itens, até poder viajar uma vez por ano para
visitar um parente ou ir a praia se, não tiver condições de pagar um plano de
saúde (que também falham) e nesse caso quando precisar do serviço de saúde
público, quando seu filho estiver com febre ou a esposa tiver que dar a luz,
ele ser obrigado a ficar mais de oito horas na fila em um posto de saúde. Se no
Brasil estas contradições permanecem, então, isso significa que ainda não
saímos totalmente das contradições sociais agudas presentes na nossa história.
Nesse quadro temos um
transporte coletivo urbano de massa que é caro e sem qualidade e, não existe na
maioria das regiões urbanas mais densamente povoadas do Brasil, sistemas
viários que permitam o transporte urbano de maneira rápida.
Os brasileiros que dependem
do transporte coletivo de massa são obrigados a passar até quatro horas de um
dia de trabalho dentro de ônibus, trem ou metrô. Isso significa que um dia de
24 horas pode ter, na realidade apenas 20 horas. As pessoas são obrigadas a
viver com stress, portanto com uma propensão muito maior para a agressividade.
Assim, por mais tranqüilos
que possam parecer, os brasileiros vivem sob pressão a muito tempo. Em uma
situação como esta qualquer tensão pode dar origem a revolta contra
adversidades.
No passado organizar um
protesto era mais demorado porque não existia a Internet. Será que o golpe
militar de 1964 teria tido êxito nos dias de hoje com a existência da internet?
Se a maioria da opinião pública estivesse contra os golpistas a tarefa deles
teria sido muito mais difícil do que foi naquele ano, isto hipoteticamente
analisando.
Nesse sentido, se pararmos
para analisar com calma, vamos concluir que os 250 mil brasileiros que foram as
ruas ontem (17/06) representam uma parcela significativa da população, quase
que certamente a maioria, que carregam em com eles uma indignação contida já a
muito tempo, possivelmente desde a época do Regime Militar e depois as
constantes idas e vindas de sucessivos governos que nunca conseguiram
implementar medidas que realmente diminuíssem a desigualdade social histórica
no Brasil que durou até o inicio deste século.
Diante da realidade
colocada, tivemos no início deste ano uma ameaça de retorno da inflação que
ainda persiste, com a subida de preço de itens, principalmente de alimentação
e, mesmo que o aumento das tarifas de transporte tenha sido postergado, quando
aconteceu, não foi aceito com passividade pela população, principalmente os
jovens. Nesse contesto manifestações de protesto em ralação aos aumentos nas
tarifas de transporte, mesmo que não massivas já acontecem a anos.
Com uma conjuntura propícia
para o descontentamento reinante tivemos ainda um agravante muito sério, que
foi a violenta repressão contra a penúltima manifestação e que teve o ponto
alto em São Paulo na última quinta feira (13/06) de forma brutal e violenta
pela Policia Militar, como a muito tempo não via no Brasil. Sem sombra de
dúvidas, um componente agravante que se somou a indignação.
O papel fundamental da
propaganda em rede na Internet na convocação das manifestações foi determinante
para a reunião das multidões em um clima de indignação instalado, que aglutinou
outros componentes além do protesto contra o aumento nas tarifas do transporte,
dentre os quais o principal e decisivo foi o sentimento contra a repressão
policial desencadeada, principalmente em São Paulo, com contornos que
literalmente tocaram o lado emocional das pessoas, um componente que fez a
diferença.
Flávio Luiz Sartori
Acabei de encontrar seu blog, e gostei muito do seu artigo.
ResponderExcluirEstamos vivendo tempo finais e difíceis, portanto, é necessário que pessoas se levantem para anunciar a salvação
através de Jesus Cristo.
Atalaiar é a ordem nos últimos dias da Igreja de Cristo.
Deus o abençoe!
E continue nesta missão que Jesus lhe concedeu.
APDSJC!
***Lucy***
A propósito, caso ainda não esteja seguindo o meu blog deixo aqui o convite:
Fruto do Espírito
P.S. Convido a conhecer o blog do irmão J.C.de Araújo Jorge.
Mensagens atuais, algumas polêmicas, porém abençoadoras...
Acesse e confira:
Discípulo de Cristo