terça-feira, 18 de junho de 2013

OS SENTIMENTOS DE DESENCANTOS QUE CULMINARAM NAS MANIFESTAÇÕES DE MILHARES DE BRASILEIROS NOS ÚLTIMOS DIAS ESTÃO PRESENTES NA NOSSA SOCIEDADE A MUITO TEMPO.



Todos os dias milhões de brasileiros vão para o trabalho como que se 
fossem "sardinhas enlatadas".

As condições básicas e objetivas para que o movimento com as maciças manifestações de ontem (17/07) eclodisse já existem no Brasil a muito tempo,  possivelmente a décadas. Devido ao histórico caráter ordeiro e educado do povo brasileiro elas estavam submersas nos sentimentos reprimido das pessoas.

A classe política é alvo de indignação não é de hoje e não só no Brasil, na Grécia antiga e no Império Romano também existiram políticos que cometeram a ilegalidade. Isso nunca impediu que as sociedades evoluíssem e que bons governos proporcionassem ações que culminassem em melhora na qualidade de vida dos cidadãos. Porém, infelizmente, nada é perfeito, como acontecem coisas certas, também acontecem coisas erradas e mesmo os acertos e os erros precisam ser mitigados, o que serve para mim não serve para o meu vizinho.

Diante de um quadro onde investimentos em infra-estrutura foram feitos para os eventos Copa do Mundo do ano que vem e para as Olimpíadas de 2016, com obras que ainda não estão concluídas, portanto, não estão totalmente disponíveis para a população, o discurso que defende que estes gastos poderiam ter sido feitos em investimentos nas áreas da saúde e da educação é um apelo que sempre vai encontrar apoio.

A educação e a saúde, principalmente esta ultima, no que tange a obrigação do Poder Público, estão em crise desde de que eu me entendo por gente, salvo algumas raras exceções são deficientes permanentemente. Não adianta o cidadão da periferia poder comprar um carro, uma geladeira e outros itens, até poder viajar uma vez por ano para visitar um parente ou ir a praia se, não tiver condições de pagar um plano de saúde (que também falham) e nesse caso quando precisar do serviço de saúde público, quando seu filho estiver com febre ou a esposa tiver que dar a luz, ele ser obrigado a ficar mais de oito horas na fila em um posto de saúde. Se no Brasil estas contradições permanecem, então, isso significa que ainda não saímos totalmente das contradições sociais agudas presentes na nossa história.

Nesse quadro temos um transporte coletivo urbano de massa que é caro e sem qualidade e, não existe na maioria das regiões urbanas mais densamente povoadas do Brasil, sistemas viários que permitam o transporte urbano de maneira rápida.

Os brasileiros que dependem do transporte coletivo de massa são obrigados a passar até quatro horas de um dia de trabalho dentro de ônibus, trem ou metrô. Isso significa que um dia de 24 horas pode ter, na realidade apenas 20 horas. As pessoas são obrigadas a viver com stress, portanto com uma propensão muito maior para a agressividade.

Assim, por mais tranqüilos que possam parecer, os brasileiros vivem sob pressão a muito tempo. Em uma situação como esta qualquer tensão pode dar origem a revolta contra adversidades.

No passado organizar um protesto era mais demorado porque não existia a Internet. Será que o golpe militar de 1964 teria tido êxito nos dias de hoje com a existência da internet? Se a maioria da opinião pública estivesse contra os golpistas a tarefa deles teria sido muito mais difícil do que foi naquele ano, isto hipoteticamente analisando.

Nesse sentido, se pararmos para analisar com calma, vamos concluir que os 250 mil brasileiros que foram as ruas ontem (17/06) representam uma parcela significativa da população, quase que certamente a maioria, que carregam em com eles uma indignação contida já a muito tempo, possivelmente desde a época do Regime Militar e depois as constantes idas e vindas de sucessivos governos que nunca conseguiram implementar medidas que realmente diminuíssem a desigualdade social histórica no Brasil que durou até o inicio deste século.

Diante da realidade colocada, tivemos no início deste ano uma ameaça de retorno da inflação que ainda persiste, com a subida de preço de itens, principalmente de alimentação e, mesmo que o aumento das tarifas de transporte tenha sido postergado, quando aconteceu, não foi aceito com passividade pela população, principalmente os jovens. Nesse contesto manifestações de protesto em ralação aos aumentos nas tarifas de transporte, mesmo que não massivas já acontecem a anos.

Com uma conjuntura propícia para o descontentamento reinante tivemos ainda um agravante muito sério, que foi a violenta repressão contra a penúltima manifestação e que teve o ponto alto em São Paulo na última quinta feira (13/06) de forma brutal e violenta pela Policia Militar, como a muito tempo não via no Brasil. Sem sombra de dúvidas, um componente agravante que se somou a indignação.

O papel fundamental da propaganda em rede na Internet na convocação das manifestações foi determinante para a reunião das multidões em um clima de indignação instalado, que aglutinou outros componentes além do protesto contra o aumento nas tarifas do transporte, dentre os quais o principal e decisivo foi o sentimento contra a repressão policial desencadeada, principalmente em São Paulo, com contornos que literalmente tocaram o lado emocional das pessoas, um componente que fez a diferença. 




Flávio Luiz Sartori

Um comentário:

  1. Acabei de encontrar seu blog, e gostei muito do seu artigo.

    Estamos vivendo tempo finais e difíceis, portanto, é necessário que pessoas se levantem para anunciar a salvação
    através de Jesus Cristo.
    Atalaiar é a ordem nos últimos dias da Igreja de Cristo.
    Deus o abençoe!
    E continue nesta missão que Jesus lhe concedeu.

    APDSJC!
    ***Lucy***

    A propósito, caso ainda não esteja seguindo o meu blog deixo aqui o convite:
    Fruto do Espírito

    P.S. Convido a conhecer o blog do irmão J.C.de Araújo Jorge.
    Mensagens atuais, algumas polêmicas, porém abençoadoras...
    Acesse e confira:
    Discípulo de Cristo

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