segunda-feira, 14 de setembro de 2009

DEBATE SOBRE OS MÉTODOS USADOS NO PLANEJAMENTO DAS AMOSTRAGENS DAS PESQUISAS DE OPINIÃO I (AMOSTRAGENS PROBABILÍSTICAS)

Dando prosseguimento ao texto EU VOLTEI...DEBATE SOBRE OS MÉTODOS USADOS NO PLANEJAMENTO DAS AMOSTRAGENS DAS PESQUISAS I, editado no dia 07 de Setembro de 2009, publico este texto onde pretendo esclarecer, em poucas palavras, como funciona o planejamento de uma amostragem probabilística.

De acordo com F. Mattar na publicação Pesquisa de Marketing de 1996, na amostragem probabilística cada elemento da população tem uma chance conhecida e diferente de zero de ser selecionado para fazer parte de uma amostra em uma pesquisa, ou seja, de ser entrevistado.
Nos textos sobre metodologias em planejamento das pesquisas de opinião, no item amostragens, quando o método usado é o probabilístico, ele pode ser chamado também de randômico simples, com cada indivíduo da população que a amostragem representa tendo a mesma chance de ser entrevistado. Mas neste caso vale uma reflexão sobre certas definições usadas pelos técnicos da área. Afinal o que é randômico?
Resposta: É como se uma informação levantada em uma área pré-determinada com características próprias fosse obtida de forma acidental, ou melhor, ao acaso. Mas como isso é possível?

Vamos tentar explicar de forma didática; no planejamento da pesquisa em uma cidade, como por exemplo, Campinas, a mesma é dividida em áreas onde predominam diferentes classes sociais, sendo que cada área terá o seu peso estatístico de acordo com sua densidade demográfica e suas características, principalmente em relação as classes sociais.
Nesse caso se considera que naquela área a população tem suas próprias características definidas e que por isso mesmo as entrevistas poderão ser realizadas sem se preocupar com a origem de classe social do entrevistado, que é escolhido ao acaso ou de forma sorteada. No município de Campinas, uma cota de entrevistados em uma área onde ficam bairros, como por exemplo, o Cambuí e a Nova Campinas, onde residem uma maioria de pessoas das classes médias A e B terá o peso representativo na amostragem geral probabilística referente ao tamanho da área em questão e as classes sociais da mesma. Por outro lado, as entrevistas realizadas na Região do Campo Grande representarão pessoas das classes C e D dominantes na área, como a área e a densidade demográfica da Região do Campo Grande são maiores que a da região onde ficam os bairros Cambuí e Nova Campinas, obviamente que um número maior de pessoas da Região do Campo Grande serão entrevistadas e o peso delas será maior na amostragem geral da pesquisa.

No entanto, usando o método probabilístico, as entrevistas realizadas nas duas regiões citadas serão feitas ao acaso, de forma acidental ou por sorteios, ou seja, como querem parte dos especialistas e técnicos, aliás, eu sou um deles, de forma randômica. Nesse caso a possibilidade de uma pessoa que mora na região do Campo Grande e trabalha na região do Cambuí e Nova Campinas ser entrevistada como moradora do Cambuí é muito grande, ainda mais levando em consideração o transito diário permanente de pessoas nas idas e vindas para o trabalho em cidades como Campinas.
Essas variações que acontecem dentro de uma amostragem proporcionam várias possibilidades de tendências, é aquilo que os técnicos chamam de viés que na realidade são situações propensas. Mesmo assim nos EUA foram feitos diversos testes comparativos após a realização de pesquisas com amostragens probabilísticas, comparados com resultados de pesquisas por cotas e não probabilísticas (da qual falaremos no próximo texto editado no blog) e também com o resultado final de eleições e as diferenças foram mínimas, abaixo das margens de erro das amostragens.

Conclusão, o uso das amostragens probabilísticas tem a vantagem de ser mais barato que os das não probabilísticas porque demanda menos trabalho, isso significa com um custo menor que permite a realização de pesquisas com amostragens maiores. No entanto, é importante esclarecer que os números nas das pesquisas com amostragens probabilísticas só se aproximam dos acertos no final das campanhas eleitorais, quando a maioria dos eleitores começa a se definir. Antes desse momento, quando faltam, de seis a três meses para o dia da eleição, quando as estratégias de marketing ainda estão sendo planejadas, a existência de diversos vieses (tendências) nos números de uma pesquisa significa que as analises não serão precisas e a possibilidade de erros será maior.




Flávio Luiz Sartori – flavioluiz.sartori@gmail.com

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