AS
ILUSÕES POLÍTICAS SOBRE A DENSIDADE ELEITORAL DE MARINA DA SILVA
Marina Silva com o Ex Presidente Lula: A Ex Senadora
afirmou que o novo partido Rede Sustentabilidade não será
Governo e nem Oposição.
Fiquei acompanhando nos
últimos dias as notícias sobre o lançamento do partido político oriundo de um
movimento capitaneado pela ex-senadora e candidata presidencial Marina
Silva, percebi que muitas pessoas se mostraram entusiasmadas pela possibilidade
de uma nova opção política no cenário nacional, parece que elas não pararam
para avaliar os verdadeiros motivos que levaram ao chamado “Fenômeno Eleitoral
Marina Silva”, por isso mesmo resolvi tentar colaborar com o debate sem atacar
a figura pública da própria Marina Silva que tive a oportunidade nos anos
oitenta de fazer parte juntamente com ela da mesma organização política, o
Partido Revolucionário Comunista que no movimento estudantil ficou conhecido como
Caminhando. Portanto, tenho motivos de sobra para admirar sua trajetória
política, mas também outros tantos motivos para ir a verdade dos fatos sem
nenhum constrangimento.
Em 2010 diante da dura
realidade de que seria derrotado por Dilma Roussef possivelmente no primeiro
turno da eleição presidencial, Jose Serra resolveu partir para uma ultima
estratégia, inundar a rede, a internet, com boatos que desqualificavam a figura
da candidata Dilma. Os boatos tinham como objetivo atingir a parcela do
eleitorado cristão considerada mais religiosa, ou seja, os praticantes fossem
eles católicos ou evangélicos. O objetivo era impedir que Dilma, o PT, o PMDB e
demais aliados chegassem a uma votação superior a 50% dos votos válidos e
liquidassem a eleição já no primeiro turno.
O principal mote dos boatos
que circularam na internet plantados por profissionais a serviço de Serra foi o
aborto, os boatos plantados diziam que Dilma legalizaria a prática atribuindo a
ela frases e declarações sobre o assunto que ela jamais havia dito. Outros
boatos referentes a participação da atual presidenta na guerrilha associando
ela a práticas terroristas também circularam com muita força. O então candidato
a Vice Presidente Michel Temer também foi atacado pela rede de boatos com
informações falsas sobre sua opção religiosa.
Na realidade José Serra e
seus colaboradores optaram por tentar reverter o quadro desfavorável para eles
abandonando a estratégia de campanha eleitoral do debate centrado na
racionalidade onde as propostas de governo seriam comparadas para partirem para
o campo da emoção onde afloraram os sentimentos de ira e revolta. Para isso
contrataram uma empresa especializada em baixarias pela internet, a ElectionMall
do indiano Ravi Singh, que já tinha atuado na campanha de Barack Obama em 2008.
Serra conseguiu o que queria
e a eleição não foi liquidada no primeiro turno como todos sabemos, porém, os votos
perdidos por Dilma Roussef na reta final da campanha eleitoral não foram para
ele, foram para a candidata do Partido Verde, Marina Silva, que uma semana
antes da eleição de 03 de Outubro de 2010 tinha no máximo 14% das intenções de
votos nas pesquisas eleitorais e no dia da eleição conseguiu quase 20% dos
votos válidos em uma subida rápida detectada praticamente no dia da eleição.
No segundo turno Dilma Roussef
se recuperou e teve praticamente a metade dos votos dados a Marina Silva
subindo de quase 47% dos votos válidos no primeiro turno para 56%, Serra ficou
com a outra metade subindo 32,6% para quase 44% dos votos válidos, ou seja,
praticamente a metade dos eleitores que votaram em Marina Silva no primeiro
turno provavelmente nunca votariam em Serra.
Uma parcela decisiva do eleitorado
e, pesquisas qualitativas comprovam isso, teve uma desconfiança momentânea em
relação a Dilma Roussef, que mesmo sendo apoiada pelo Presidente Lula e toda
sua popularidade, ainda era desconhecida do ponto de vista do seu histórico na
política e suas idéias sobre assuntos polêmicos, como por exemplo, o aborto. Não
esquecendo o fato de que existiu o clima de terror plantado por Serra na reta
final da campanha no primeiro turno, uma ação apócrifa não assumida oficialmente
pela campanha candidato Serra, que provocou medo no eleitorado, principalmente parte
dos cristãos, em relação à candidata petista.
Hoje, o clima de
desconfiança em relação a figura da Presidenta Dilma Roussef diminuiu muito e
as pesquisa de opinião comprovam esse fato pelo grau de aprovação do seu
governo pela Pesquisa CNI/IBOPE de Dezembro de 2012, que demonstra apoio de 78%
dos brasileiros.
Para Marina Silva e seu
partido recém lançado, o Rede, a tarefa de conquistar o apoio da opinião
pública deverá ser muito mais difícil do que foi em 2010 desde que a atual
conjuntura econômica e política seja mantida, além do mais é bom lembrar que
muito provavelmente José Serra deverá estar fora da disputa presidencial, o que
nos leva a projetar uma disputa com Aécio Neves e possivelmente o atual
Governador de Pernambuco, Eduardo Campos no páreo, figuras políticas que também
precisarão mostrar densidade eleitoral tanto quanto a própria Marina Silva em
uma conjuntura de disputa eleitoral quase que certamente muito diferente da
realidade de 2010.
No momento atual a política
caminha para a dura realidade da verdade do dia a dia, restringindo cada vez
mais o espaço para ilusões e falsas perspectivas. Se ainda existem aqueles que
se iludem seria bom que não se esquecessem que no dia 05 Novembro do ano
passado o candidato republicano Mitt Romney chegou a sonhar que dormiria
presidente dos EUA para na noite do dia seguinte se defrontar com a dura
realidade de que dificilmente poderia ter ganho de Barack Obama.
Flávio Luiz Sartori - flavioluiz.sartori@gmail.com
Gostei da análise publiquei em meu facebook.
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