terça-feira, 2 de novembro de 2010

A VITÓRIA DE DILMA ROUSSEF FOI IMPORTANTE, MAS O RESULTADO DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL PROVOU QUE EXISTE UM SECTARISMO DENTRO DE NÓS QUE PRECISA DE AUTO-CRÍTICA CONSTANTE.

Ola internaltas seguidores assíduos e eventuais do “Essência Além da Aparência”, esperei umas 48 horas para externar minha alegria pela vitória de Dilma Roussef porque nesse período fiquei meditando sobre o fato em si, principalmente depois da campanha eleitoral mais sórdida já feita no Brasil por parte da candidatura Serra. Nem na eleição presidencial de 1989 a baixaria chegou a um clímax como o que observamos nesta campanha de 2010.


Porém, como tudo tem um lado bom sempre, o importante é que esta campanha serviu para revelar que sentimentos que pareciam estar superados em oito anos de Governo Lula, na realidade estavam adormecidos bem lá no fundo do inconsciente coletivo de parte da nossa população (eleitorado) e bastou uma campanha eleitoral baseada em boatos e mentiras por parte da candidatura Serra contra Dilma Roussef para aflorar ódios que de uma hora para outra dominaram a campanha eleitoral se sobrepondo ao debate político que deveria ter sido feito baseado nas discussões programáticas dos candidatos.


Digo que isso foi bom porque vivíamos em uma espécie de conto de fadas exatamente porque acreditávamos que nossa sociedade tinha superado estas contradições durante o mandato do Presidente Lula e a realidade da campanha eleitoral provou que isso não era verdade. Ou seja, os históricos sentimentos baseados na prática do preconceito, que sempre existiram, principalmente na nossa classe média tradicional e que sempre serviram de base para formação de opinião pública com ajuda do PIG (Partido da Imprensa Golpista) continuam vivos e fortes na nossa sociedade e, o que é pior, se reproduzindo de forma constante em todo momento.


Antes de apontar o dedo contra esta parcela da população que se recusou a votar em Dilma Roussef, que é significativa, temos que olhar no nosso próprio nariz e responder a nós mesmo sobre o que fizemos até agora para superar esta corrente de pensamento contrária a ideologia política dominante no Governo do Presidente Lula e também majoritariamente até mesmo no próprio PT até o presente momento. Nesse sentido, fica claro que estamos falando, logicamente, do nosso sectarismo, da nossa idéia fixa de que a solução dos problemas do Brasil passam sempre e principalmente somente pelas nossas iniciativas.


Durante o Governo Lula, principalmente no segundo mandato, quando ficou claro que era fundamental para o PT, que a melhor solução para o Governo Lula exercer a governabilidade seria a aliança com o histórico centro ideológico, cujo principal expoente hoje é o PMDB, se estabeleceu a base que deu origem a chapa Dilma Roussef e Michel Temer. Foi um passo importante e fundamental para superar uma distância histórica entre importantes forças políticas aqui no Brasil.


Agora é preciso superar outra importante distancia que ainda persiste nesta relação, tratasse de passar por cima do sectarismo que ainda persiste em muitos segmentos da nossa política, principalmente no PT. Dessa superação depende a forma como o Governo Dilma Roussef deverá agir para conquistar a parcela da população brasileira que, apesar de aprovar o Governo do Presidente Lula com mais de 80% de ótimo ou bom, teve uma significativa parcela que votou em Marina Silva no primeiro turno e em Serra no segundo turno.


A lição que fica é que mesmo tendo claro que a campanha do Serra utilizou métodos baseados na mentira sórdida, o que precisa ser levado em conta é que significativa parte do eleitorado brasileiro acreditou e muito no discurso serrista e, obviamente, não cabe a nós apenas culpar estes segmentos da sociedade que não acreditaram no discurso de Dilma Rouseef por achar que ganhamos e tudo estará resolvido. Na realidade temos o imenso trabalho de unir a sociedade brasileira em busca de um futuro melhor porque o resultado da eleição presidencial provou que não somos os donos da verdade.

Flávio Luiz Sartori - flavioluiz.sartori@gmail.com

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