domingo, 7 de novembro de 2010

ASSÉDIO MORAL INCONSCIENTE (OU CONSCIENTE) 2: QUANDO AS VÍTIMAS DO ASSÉDIO MORAL SÃO PESSOAS COMPETENTES QUE PASSAM A SER ESTIGMATIZADAS PARA QUE SUAS AÇÕES POSITIVAS SEJAM ANULADAS.

  "Camarilhas" fazem parte da história da humanidade.

Considero o assédio moral um dos principais e piores problemas da sociedade moderna, antes não tinha me preocupado tanto com o assunto, mas recentemente tenho tido a oportunidade de analisar com maior detalhe o comportamento das pessoas no dia a dia e tenho constatado que esta prática é comum nas relações entre as pessoas em praticamente em todos os ambientes, principalmente nos locais de trabalho onde a competição se torna cada vez menos ética.

Segundo Stanley Milgram em sua obra “A Obediência e a Autoridade”, de um modo geral, as vítimas de assédio moral são pessoas extremamente competentes que passam a ser estigmatizadas por parte de seus companheiros de trabalho, que passam a utilizar a prática cotidiana do assédio moral com o intuito de anular suas idéias inovadoras.

Estigmatizar, neste contesto, significa passar a associar o assediado a ações negativas, nesse contesto ele passa a ser “observado” o todo momento, seu comportamento e suas ações são sempre comparados a atitudes não produtivas, qualquer falha por menor que seja é supervalorizada e tudo o que o assediado produz de positivo no contesto de seu trabalho passa a não ter nenhum valor. Os “assediadores”, que também são seus colegas de trabalho se aproveitam de qualquer falha, como por exemplo, um atraso de alguns minutos no horário de chagar para trabalhar, para disseminar entre todos colegas de trabalho boatos de que o “assediado” não é cumpridor de horário, supervalorizando este fato em decorrência das ações positivas do “assediado”.
Aliás, como muito bem definiu Maquiavel a mais de 500 anos, o que passa a valer de fato nesse contesto é a máxima de que mais vale a versão que o próprio fato em si.

Instrumentos que a princípio foram criados para defender os direitos dos trabalhadores, como por exemplo, a estabilidade no emprego, hoje um direito basicamente de funcionários públicos e trabalhadores de empresas estatais aqui no Brasil, hoje, também se transformaram em verdadeiros refúgios para uma minoria de oportunistas, que passam a se valer da estabilidade para praticar o assédio moral contra colegas de trabalho que não tem o mesmo benefício sempre com o objetivo oportunista de se prevalecer de suas próprias situações e assim obter vantagens.
Dessa forma, o que observamos é a formação de verdadeiras camarilhas, mais conhecidas como “panelinhas” aqui no Brasil, que são grupos de pessoas unidas em torno de algum projeto secreto, geralmente para promover através de intriga seus pontos de vista e interesses.

Sei que este é um assunto tabu, que todos fogem de discutir o tempo todo porque cada um de nós tem e sempre terá alguma coisa em comum com a situação colocada, no entanto, como cidadãos temos que literalmente “colocar o dedo na ferida”, custe o que custar, aliás, se não fosse atitudes como estas, tabus como o machismo e o preconceito racial e contra as minorias jamais teriam vindo a tona em nossa sociedade.

Flávio Luiz Sartori - flavioluiz.sartori@gmail.com

2 comentários:

  1. Parabéns pela qualidade do texto e profundidade da análise. O problema é complexo e atinge todos os tipos de profissionais. A propósito, hoje a Folha de São Paulo publicou um artigo sobre o "burn out", uma síndrome que atinge os profissionais que se dedicam demais ao trabalho e não são valorizados. A grosso modo trata-se de uma abordagem médica do assédio moral.

    Um forte abraço,

    José Vieira

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  2. Muito elegante o seu texto. O assédio moral, é um assinte, um descalacro, em toda a sua esfera
    Um abraço. Estou lhe convidando a visitar o meu blog, e se possivel seguirmos juntos por eles Estarei grato esperando vc, lá
    Abrass
    www.josemariacostaescreveu.blogspot.com

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