segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

PMDB: ATÉ ONDE O PARTIDO SERIA ÚTIL OU NÃO INDICANDO O VICE NA CHAPA DE DILMA? (UM DEBATE DIFICIL, PORÉM NECESSÁRIO PARA O BRASIL DO FUTURO)

Apesar da importância histórica do PMDB, até mesmo pelo espaço que o partido ocupa atualmente no Governo Lula, como ponto de equilíbrio entre as correntes políticas, tanto à esquerda como à direita no campo ideológico, por ser um partido pretensamente situado no centro, a eleição de 2010 poderia ser um momento de solução alternativa na busca do apoio do eleitorado que vota centro no político ideológico com outras forças políticas com capacidade de se cacifar com o voto popular e ser base de sustentação de um futuro governo Dilma Roussef
Caso isso acontecesse, não significaria que o PMDB deveria ser descartado, o partido é importante na sustentação política atualmente do Governo Lula e tem essa posição porque a conquistou no voto.

O Brasil esta em transformação desde o final do século passado, em um processo que se acentuou depois de 2002 quando as oligarquias que sempre governaram o Brasil foram colocadas fora do centro do poder.
O maciço apoio popular desfrutado hoje pelo Presidente Lula, apesar da constante oposição de significativa parte da imprensa brasileira, principalmente a Rede Globo, Folha e Estadão, representa uma postura de apoio as ações de um governante em uma escala inimaginável até para os cientistas políticos na história recente do Brasil. Isso também representa um novo comportamento do eleitorado em uma nova conjuntura onde a perspectiva não é mais a desigualdade social acentuada.
Nesse novo contesto, o eleitor brasileiro poderia ter a oportunidade de eleger um Congresso Nacional com características menos fisiológicas em condições de executar as reformas que a sociedade brasileira tanto necessita, dentre elas principalmente a Reforma Política, que praticamente tem ficado de fora de todas as agendas políticas nos últimos anos pelo simples fato de termos um Congresso Nacional incapaz de legislar contra ele próprio e seus vícios históricos.

O atual espaço político ocupado pelo PMDB ainda é conseqüência de uma realidade que precisa ser substituída pelo simples fato de que ela foi criada tendo como base o fisiologismo político que ainda tem fortes raízes na política brasileira que redunda em um poder político capaz de determinar as minorias e as maiorias no Congresso Nacional e também nas Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais.

Quando o Presidente Lula dá sinais de que pode abrir mão da presença do PMDB como partido que indicará o vice da candidata Dilma Roussef, temos que compreender que ele mais do que qualquer um de nós sabe o quanto é difícil negociar com forças políticas cujo poder é oriundo do fisiologismo e que a democracia brasileira precisa criar mecanismo que aperfeiçoem seu funcionamento com a tão necessária Reforma Política.
Se o Presidente emprestar o prestígio de sua figura política e de seu governo a forças políticas que não serão leais a continuidade do projeto político que ele se determinou a construir obviamente que estará dando um tiro no próprio pé.

Essa possibilidade existe e se tornaria real caso o PMDB indicasse, aliás, como já deixou claro desejar, o candidato a Vice Presidente na chapa encabeçada pela Ministra Dilma Roussef, porém se as forças políticas que apoiarão a candidatura Dilma, de comum acordo com Presidente Lula optarem por uma solução diferente, a saída mais lógica seria uma composição com o PSB, com a indicação de Ciro Gomes para vice de Dilma. Seria uma solução ousada e acertada porque abriria espaços para uma chapa com uma definição ideológica do centro para a esquerda com possibilidade de fortalecimento de lideranças políticas realmente comprometidas ideologicamente com o projeto político encabeçado pelo Presidente Lula, cuja continuidade depende da eleição de Dilma Roussef.

Importante lembrar que existem situações nacionais, como por exemplo, na Bahia e no Rio Grande do Sul onde PMDB e PT estarão irremediavelmente em campos opostos.
Haveria o risco do PMDB ir para a oposição ou tentar vôo próprio, conseqüentemente a coligação governista poderia perder tempo precioso na propaganda eleitoral gratuita, principalmente na televisão, mas o governo teria como compensar isso respaldado na aprovação ao Presidente Lula, seria um risco calculado que valeria a pena ser tentado.
O diálogo com o PMDB, caso o partido saísse oficialmente da coligação de apoio a Ministra Dilma Roussef por não indicar o candidato a Vice Presidência, poderia ser retomado depois da eleição e redefinido em novas bases com um novo quadro político resultante da eleição de 2010.

As cartas estão na mesa de Lula, Dilma e seus parceiros políticos.

Se mantiver o PMDB como força de destaque na composição governista terá maior garantia de que será vitorioso e correrá o riso de continuar frágil politicamente no Congresso Nacional dependente de forças fisiológicas.

Se optar por uma solução com o PSB, com Ciro de vice estará buscando o caminho de fortalecer as forças políticas que são aliadas políticas do PT com uma definição ideológica distante do fisiologismo. Será uma ação de riso, porém benéfica para o futuro das instituições políticas do Brasil que também poderá forçar o próprio PMDB a rever seu comportamento político no futuro.

Flávio Luiz Sartori - flavioluiz.sartori@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário