segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PARA ESTAREM NO PODER DESDE 1994, TUCANOS CONTAM COM UMA VERDADEIRA REDE EMISSORAS DE TV, JORNAIS ESCRITOS E RÁDIOS EM TODO ESTADO DE SÃO PAULO

Depois de alguns dias de descanso, inicio aqui uma série de textos com análises de como o PSDB e seus aliados construíram uma rede empresas de comunicação, principalmente no interior de São Paulo, com o intuito de formar opinião favorável a seus governos:

Estive nos últimos dias um pouco fora do ar em relação a postar textos de minha autoria, basicamente isso aconteceu por dois motivos, primeiro porque sou um trabalhador, preciso ganhar o sustento da minha família, depois porque, realmente, nos últimos dias, noticias de impacto mesmo foram: a declaração desastrosa do Caetano Veloso em relação ao Presidente Lula e a reação de sua mãe, dona Canô de pedir desculpas ao presidente, o blecaute (chamado de apagão pelo PIG), a queda da ponte do anel viário em São Paulo e do encontro de Ciro Gomes com Aécio Neves.

Depois desses fatos, no feriado de fim de semana, dia 20, dia da consciência negra (Viva Zumbi), com as poucas notícias já tendo a repercussão necessária na mídia sobrou espaço e tempo para uma elucubração muito pertinente sobre o PIG (Partido da Imprensa Golpista) e sua influência, principalmente no Estado de São Paulo,onde os tucanos vencem as eleições desde 1994, quando Mário Covas foi eleito governador.

Puxando bem lá no fundo das lembranças iniciei minha análise com a constatação obvia de que o PIG não é apenas a Globo, o Estadão e a Folha. O PIG esta muito mais presente no nosso dia a dia do que as pessoas imaginam. Mas de onde vem esse PIG aparentemente invisível?

Não vou dar aqui uma resposta acadêmica sobre a influencia das elites, digo das classes dominantes que representam, os setores hegemônicos na economia e na política brasileira durante até o início deste século, pretendo sim fazer um relato de minha história de vida nas últimas décadas acompanhando a influencia da mídia no noticiário político, a partir de duas importantes cidades do interior de São Paulo; Piracicaba e Campinas.

Morei em Piracicaba de 1993 a 1997, trabalhei para dois jornais no município, inclusive no mais importante, planejei e coordenei a pesquisa sobre o perfil do leitor de jornal em Piracicaba para O Jornal de Piracicaba para a primeira mudança da grade editorial do jornal em 1994. O Jornal de Piracicaba pertence a uma tradicional família da cidade, era praticamente o único de Piracicaba, não tinha concorrentes, exceto uns poucos jornais de bairro. Todo mercado publicitário de Piracicaba estava praticamente no Jornal de Piracicaba, o monopólio era total, os jornais de bairro e os outros jornais (de inserção insignificante) do município tinham o espaço para venda de anúncios reduzidíssimos, as empresas não compravam espaços publicitários nestes jornais porque não dava retorno e sem dinheiro os jornais ficavam sem saída, ou fechavam ou sobreviviam as custas de muita luta.

Em 1988, o PT elegeu o prefeito de Piracicaba, José Machado, durante seu mandato, o Jornal de Piracicaba fez oposição cerrada ao Governo Machado e na eleição de 1992 o Jornal de Piracicaba apoiou abertamente o candidato do PSDB, Mendes Thame, que foi eleito Prefeito, a partir de 1993 as críticas a administração municipal sumiram do jornal.

Em Campinas não foi diferente, em 1988 o PT também elegeu o Prefeito de Campinas, o líder sindical petroleiro Jacó Bittar, durante seu mandato sofreu ataques praticamente diários, do PSDB na Câmara de Vereadores, cujas denúncias eram repercutidas nas páginas do Jornal Correio Popular, que também pertence a uma família tradicional de Campinas. Os ataques surtiram efeito e em 1992, o PSDB elegeu Magalhães Teixeira prefeito, que já tinha governado Campinas de 1983 a 1988.

Depois da chegada ao poder do PSDB no Governo do Estado de São Paulo em 1994 a Rede Anhanguera de Comunicação, a RAC, empresa proprietária do Jornal Correio Popular, expandiu seus negócios e praticamente assumiu o monopólio da mídia dos jornais escritos em Campinas ao comprar o outro jornal de Campinas, o Diário do Povo. Recentemente a cerca de dois anos, temerosa de surgisse em Campinas um jornal, tipo tablóide, similar ao Metro, que faz muito sucesso em São Paulo, a RAC lançou em Campinas o seu próprio tablóide, o Jornal Já.

Como que se não bastasse o fato de que em praticamente todas cidades do interior de São Paulo existem “Correios Populares e Jornais de Piracicaba” é importante lembrar que existe a Empresa Paulista de Televisão, a EPTV, que também pertence a uma tradicional família paulista e retransmite a programação da Rede Globo de Televisão combinada a uma programação voltada para o jornalismo, com noticias das cidades onde seu sinal chega. A EPTV é um braço regional do PIG, manipula seus noticiários, de forma a informar obras do governo estadual e ao mesmo tempo criticar prefeituras que não são de partidos que apóiam governos tucanos, sempre de forma sutil.

Com um aparato como este, de propaganda a favor, em uma sociedade historicamente com tradições conservadoras fica fácil para os tucanos se manterem no poder em São Paulo. Ou seja, além da propaganda eleitoral, os tucanos contam com a ajuda, fazendo propaganda a favor e criticando a oposição, de todo um sistema de mídia na televisão, que inclui jornais escritos, rádios e emissoras de televisão em praticamente todo Estado de São Paulo.

Flávio Luiz Sartori – flavioluiz.sartori@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário