segunda-feira, 21 de setembro de 2009

FINAL DA NOVELA CAMINHOS DA INDIA MOSTROU COMO A GLOBO PODE SER CONTRADITÓRIA

Enquanto aguardamos a divulgação da pesquisa do IBOPE realizada sob encomenda da CNI , Confederação Nacional das Industrias, vou tentar cumprir minha promessa de analisar a programação da televisão brasileira começando pelo final da novela Caminhos das Índias, que terminou a pouco mais de uma semana.

Acompanho novelas desde os anos setenta quando era um adolescente, lembro de verdadeiras obras primas da televisão brasileira, novelas com audiências acima dos 80%, cito entre elas, principalmente O Bem Amado de Dias Gomes, com Paulo Gracindo no papel de Odorico Paraguaçu e Lima Duarte como Zeca Diabo, também me marcou a novela O Astro de Janete Clair com Francisco Cuoco e Dina Sfat, gosto muito dos textos do Gilberto Braga , difícil esquecer Dancing Days com as impagáveis Sônia Braga e Joana Fonn, não esquecendo jamais de Beatriz Segal em Vale Tudo dentre tantos textos que se eu continuar citando aqui não conseguirei sair do teclado cedo.

Caminhos das Índias seguiu a linha ousada da autora Glória Perez inaugurada com O Clone, com estórias literalmente globalizadas, acontecendo simultaneamente no Brasil e em outras partes do mundo, desta vez o Marrocos de O Clone foi trocado pela Índia, país fascinante de costumes estranhos para nossa cultura de origem ibérica ocidental hoje globalizada, não confundir com vindo da Rede Globo, com influencia principalmente dos EUA.
No decorrer da novela ficou comum observarmos a indignação dos indianos com o modo de vida dos brasileiros alem da resistência da sociedade indiana em relação ao comportamento ocidental, que não podemos esquecer, é fruto do sistema democrático e da plenitude dos direitos dos cidadãos vigentes na maioria dos paises ocidentais.

À parte ao pano de fundo da estória de Caminhos da Índia que se da em meios ao conflito de culturas diferentes obrigadas a se interagir devido ao irreversível processo de globalização por que passa nosso planeta, existiu um roteiro composto por pessoas que praticaram coisas boas e coisas más durante toda a estória, no nosso caso a novela.
Em Caminhos da Índia tivemos personagens que se digladiaram durante toda estória, como Opache, vivido por Toni Ramos e Chancar, vivido por Lima Duarte (olha o Zeca Diabo ai de novo), que travaram um duelo galante durante a novela e no final se descobriram filho e pai.
Outros personagens também demarcaram a estória, mas alguns vilões precisam de destaque porque tiveram um comportamento de prática de maldades que certamente despertaram sentimentos no telespectador de ficar esperando o fim da estória com o objetivo de presenciar a justiça sendo feita, com o vilão, no mínimo indo para a cadeia. Foi o caso da terrível Súria, vivida por Cléo Pires, nora de Opache que inconformada com sua situação na família pelo fato de não ter filho homem passou toda estória usando de todas artimanhas para conquistar a condição de mãe de um filho homem chegando mesmo a falsificar uma gravidez.
E não é que a única punição que a personagem sofreu foi o fato de não ter conseguido o filho homem que ela tanto armou para conseguir.
Suria ficou livre para continuar praticando todos tipos de maldades, frustrou milhões de brasileiros, principalmente brasileiras, que todas noites acompanharam a novela Caminhos da Índia e também antes acompanham o Jornal Nacional implacável com as impunidades que acontecem, principalmente nas altas esferas dos poderes executivos e legislativos, com fatos mostrados como escândalos em crises que se sucedem praticamente que diariamente, sendo que a última e mais emblemática foi a do Senado que transformou o antigo aliado da TV Globo, nos seus tempos de Presidente da República, José Sarney, em mais um desprezível vilão.
Sem levar vem conta o texto da novela, que foi muito bom, o que fica á a prática dos dois pesos duas medidas de uma mesma Rede Globo tão vigilante em seu jornalismo e tão próxima a mesma impunidade que ela condena no desfecho de suas novelas.

Flávio Luiz Sartori –
flavioluiz.sartori@gmail.com

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