terça-feira, 14 de julho de 2009

TEXTOS SOBRE PESQUISAS ENGANAM 1

CEPAL realiza pesquisa de opinião com elite latino americana sobre políticas de igualdade de gênero na política

Resultado do estudo mostra que a grande maioria acredita que o número de mulheres no poderes Executivo e Legislativo está aumentando. Parte dos entrevistados também aceitaria políticas afirmativas para acelerar o processo de crescimento da representação.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) realizou em maio de 2009 um levantamento junto às elites dos países latino americanos para traçar a diferença entre mulheres e homens na política. O resultado da pesquisa mostra que a maioria acredita que o número de mulheres no poderes Executivo e Legislativo está aumentando. Parte dos entrevistados também aceitaria políticas afirmativas para acelerar o processo de crescimento da representação.
Foram questionados vários aspectos da presença feminina no poderes Executivo e Legislativo dos 19 países das Américas do Sul e Central, mais a Espanha. O foco do estudo é o crescimento do número de mulheres nas instâncias do Poder Executivo e nos parlamentos desses países e a maneira como é encarada a formulação de políticas afirmativas para acelerar o processo de representação da população feminina no poder.
A consulta foi feita entre o final de 2008 e início de 2009. Pela internet, foram entrevistados 425 pessoas de diferentes grupos sociais. O principal grupo foi composto por participantes do meio acadêmico – assessores, consultores e experts somaram 45% das respostas. Outros 33% eram compostos por políticos, legisladores e altos funcionários dos governos dos países. O terceiro grupo foi formado por líderes religiosos, sociais e culturais – eles somavam 14% dos entrevistados.
A idéia era diversificar os sujeitos entrevistados para tentar traçar qual a opinião majoritária dos países em relação à representação da mulher nas esferas de poder. O resultado atingido mostra que a maioria dos entrevistados pensa que a presença de mulheres no poder tem contribuído para melhorar o sistema democrático, uma vez que a presença delas nas esferas de poder melhoraria a percepção dos problemas que aflingem a população feminina.

Número crescente: A maioria dos entrevistados afirmou que o número de mulheres no poder cresceu nos últimos anos e se mostrou otimista para o futuro. De acordo com eles, esse número continuará crescendo nas próximas eleições.
O estudo da CEPAL mostra que essa percepção é compatível com dados disponíveis dos governos latino americanos e que a região compreendida nas entrevistas ocupa um lugar intermediário no mundo na questão da igualdade de gênero no poder. Em termos numéricos, a participação de mulheres nos parlamentos aumentou de 8% em 1990 a 18% em 2008. Nos gabinetes ministeriais, o avanço foi ainda maior: de 13% a 27% no mesmo período.
Para acelerar esse processo da representação, 58% dos homens se mostraram a favor da criação de cotas femininas nas eleições. Entre as mulheres, esse número sobe para 80%.

Razões políticas: O estudo, no entanto, questiona se a pesquisa de opinião revelaria, de fato, as políticas reais dos governos na busca pela equidade de gênero nas esferas de poder. A análise ressalta que uma das perguntas feitas visava compreender a vontade real de implantar essas políticas públicas. O questionamento foi: “Em qual prazo as cotas femininas deveriam ser implementadas?” O resultado mostrou que parte daqueles que apoiam as políticas afirmativas, na verdade o fazem apenas a longo prazo. Ou seja, apoiam essa polítca, mas apenas se ela não mudar o status atual.
Esse mesmo posicionamento foi notado em uma pesquisa de opinião junto a parlamentares no Brasil (veja notícia aqui) que avaliava a opinião deles em relação às cotas no Legislativo brasileiro. A maioria – 60% dos entrevistados – disse que não apoiava.
Ainda assim, o estudo aponta que, se não houvesse interesse das elites em buscar maior participação das mulheres no poder, o crescimento mostrado nos últimos anos não teria sido possível. Por isso, a análise conclui que houve interesse sim de aumentar o número de mulheres no Executivo e Legislativo. Mas que ainda permanece obscura a motivação desse movimento.

COMENTÁRIO: A divulgação de um documento como o citado acima tem um impacto muito grande para quem faz uma primeira leitura. Importante salientar que o próprio texto esclarece que foi uma pesquisa feita pela Internet, que caracteriza os entrevistados como elites.
No entanto, isso não fica claro no primeiro parágrafo, aliás a pessoa que lê em um primeiro momento é induzida a acreditar que se trata de uma grande pesquisa sobre o tema proposto.
Só no segundo parágrafo fica esclarecido que as pessoas entrevistadas fazem parte de uma elite intectual da América Latina
A “pesquisa”, apesar da importância do tema e de ter ficado restrita a apenas um setor minoritário da sociedade, foi feita apenas com apenas 425 pessoas, um numero muito pequeno para uma amostragem segura, mesmo nas circunstancias apresentadas.
Para que este trabalho fosse considerado uma pesquisa com resultado seguro, a amostragem deveria ser maior, principalmente porque ele tem a pretensão de traduzir a opinião de toda elite intelectual da América Latina.

flavio luiz sartori

Nenhum comentário:

Postar um comentário