quinta-feira, 16 de julho de 2009

A PESQUISA DE AVALIAÇÃ DO SENADO

O Senado, que segundo a grande maioria da mídia tradicional brasileira passa pela sua pior crise, divulgou ontem e foi publicada no Estadão uma pesquisa de avaliação da instituição realizada durante o mês de Junho.
A pesquisa feita em meio a crise traz números que precisam ser analisados com carinho porque eles refletem o termômetro da opinião pública em meio a disputa partidária entre a oposição e o governo, que na realidade é mais uma preliminar da eleição de 2010.
Porem antes dos números da pesquisa vale a pena inserir na analise uma breve relação entre a pesquisa do Senado e o mercado da telefonia fixa no Brasil.
É que a pesquisa do Senado foi feita por telefone e seus números refletem a opinião dos cidadãos brasileiros que tem acesso a esse serviço. Um setor da sociedade brasileira que, levando em consideração a faixa etária acima de 16 anos, tem uma característica sócio econômica diferenciada de toda sociedade brasileira.

Os Numeros: De acordo com estudo da Atlas de Telecomunicações o Brasil tem atualmente 36,3 milhões de linhas sendo oferecidas pelas concessionárias, mas, desse total, 62% estão em apenas cem municípios. E o Brasil tem 5.561 cidades. Nestas cem cidades estão 40% da população brasileira. E um terço dos telefones estão em apenas dez municípios. Já nos 5.348 restantes, que representam 50% da população brasileira estão só 27% deles.
Resumo da ópera? A pesquisa do Senado esta defasada e seus números não representam o pensamento de toda sociedade brasileira, a opinião de uma imensa maioria de brasileiros das regiões mais pobres do país ficou de fora. Basta analisar os números da estratificação por sexo e escolaridade, ou seja, por exemplo, foram entrevistadas 58% de mulheres e 42% de homens quando o IBGE demonstra que as mulheres são maioria sim, mas só 52% . Outro exemplo de distorção esta nos números da escolaridade dos entrevistados com 23% com curso superior, um número que mesmo com os avanços dos últimos anos ainda esta distante da realidade atual, que é de 14%.

Conclusão: Os números da pesquisa do Senado, que é bom lembrar, não representam todo eleitorado brasileiro.
A forma como a maioria da mídia tradicional do Brasil pretensamente com maior poder de influencia junto a opinião pública e, também a oposição, tem fustigado um governo com altas taxas de aprovação, como o do presidente Lula nos últimos anos, parece que esta criando nesta mesma opinião pública uma desconfiança em relação ao papel histórico destes agentes em nosso pais.
Só isso explica o porque de a situação do Senado não ter chegado totalmente ao fundo do poço na atual conjuntura. O fato de 5% considerarem que o Senado cumpre suas funções e 74% responderem que o Senado cumpre mais ou menos sua função, enquanto que só 21% responderam decididamente que o Senado não cumpre sua função e a nota média de 5,4 em uma escala de 0 a 10 dada pelos entrevistados ao mesmo Senado, indicam que a imagem da instituição ainda não foi totalmente desconstruida.
As medidas tomadas pela mesa diretora do Senado, todas aprovadas por mais de 80% dos entrevistados e a aprovação por 67% dos entrevistados no sentido de que a CPI da Petrobrás vai ajudar a solucionar possíveis irregularidades da empresa, demonstram que os entrevistados ainda tem esperanças na instituição.
A principal referencia para a analise da pesquisa é o perfil sócio econômico dos entrevistados, o resultado da tabulação dos números apenas reflete como estes entrevistados se situam na atual conjuntura em meio a um debate político onde não é só a instituição Senado que esta em jogo mas todo um processo político que envolve a inserção de uma mídia historicamente influente nos destinos do Brasil e uma luta política no campo das idéias entre governo e oposição.

flávio luis sartori


Acesso a pesquisa do Senado completa: http://www.senado.gov.br/sf/senado/centralderelacionamento/sepop/pdf/datasenado/pesquisajun2009.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário