segunda-feira, 20 de julho de 2009

BRASIL E EUA – DUAS REALIDADES RETRATADAS EM PESQUISAS REALIZADAS NOS ANOS NOVENTA DO SÉULO PASSADO

Nos anos 90 do século passado duas pesquisas de opinião refletiram muito bem o momento histórico nos EUA e no Brasil revelando duas realidades diferentes.
Nos EUA uma pesquisa que se tornou o livro O dia em que a América falou a verdade (The day América told the truth) escrito por James Patterson e Peter Kim em 1992 e no Brasil, cinco anos depois em 1997, o Centro de Pesquisa e Documentação Histórica da Fundação Getúlio Vargas em parceria com o Instituto de Estudos da Religião realizou a pesquisa Como o brasileiro vê a si próprio.

Nos EUA os assuntos abordados pela pesquisa foram: sexo, drogas, casamento, adultério e patriotismo dentre outros. Em 1992 os EUA se preparavam para eleger Billl Clynton presidente pela primeira vez. Depois de 12 anos de mandatos consecutivos de presidentes republicanos, no caso dois mandatos de Ronald Reagan e um de George Busch pai e uma situação econômica que se não era das melhores estava muito distante da atual crise 2007/2008. Os EUA caminhavam para um período de prosperidade no mandato de Clinton que só terminaria no início do século XXI.

No Brasil a situação era de persistência da histórica desigualdade social, o Plano Real de 1994 que tinha levado FHC ao poder tinha derrubado a inflação, porém seus resultados não tinham sido positivos para a maioria dos brasileiros que continuavam impedidos de ter acesso a ascensão social, melhores condições de vida e, o desemprego era uma realidade preocupante.

Nos EUA de 1992 a preocupação da sociedade com temas relacionados ao cotidiano de uma sociedade capitalista com razoável padrão de vida. Na pesquisa O dia em que a América falou a verdade, os americanos foram perguntados sobre o que fariam por dez milhões de dólares; 25% abandonariam a família e a igreja, 23% aceitariam praticar a prostituição por uma semana, 10% se recusariam a testemunhar contra um assassino mesmo tendo presenciado o crime e 7% aceitariam matar um estranho. Em outra pergunta os americanos escolheram como atividades ilícitas; a prostituição, o comando do crime organizado e a pior de todas – o tráfico de drogas. Também escolheram como atividades mais honestas e integras; bombeiros, médicos, fazendeiros e professores.

No Brasil a conclusão da pesquisa Como o brasileiro vê a si próprio foi de que a maioria da população se considerava em situação de sofrimento, a preocupação era com a falta de novas oportunidades e já se verificava um certo clima de descontentamento que atingiria o ponto mais alto em 2000, com a eleição de Luis Inácio Lula da Silva para presidência. Na pesquisa 74,1% dos entrevistados responderem que os brasileiros eram sofredores, 42,3% consideravam os brasileiros revoltados, 28,5% violentos 61,4% conformados. Mas existia também esperança e otimismo, 69,4% consideravam os brasileiros trabalhadores, 63,3% alegres, 48% batalhadores, 46,1% solidários e 36,2% honestos.

Transportando os temas levantados em ambas pesquisas dos anos 90 do século passado para a realidade de 2008 e inicio de 2009 com as mudanças nas economias dos EUA e principalmente do Brasil, em meio à crise econômica, talvez fosse muito interessante registrar as realidades de leituras comportamentais abordadas em ambas pesquisas, tanto ns EUA quanto no Brasil novamente, com a realização de um novo de trabalho de campo, agora com a aplicação das duas pesquisas simultaneamente tanto no Brasil quanto EUA. Seria interessante saber como os brasileiros falariam a verdade e como os americanos se vêem a si próprios “nos dias de hoje”.

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