terça-feira, 8 de dezembro de 2009

PESQUISA CNI/IBOPE: NÚMEROS MANIPULADOS PARA FAVORECER JOSÉ SERRA

A Pesquisa CNI /IBOPE divulgada ontem, dia 07 de Dezembro de 2009 vai na contra mão dos resultados divulgados pelas pesquisas anteriores realizadas em Novembro, do Vox Populi com com Serra com 36%, Dilma com 19% e Ciro Gomes com 13% e do CNT/Sensus com Serra com 31,8%, Dilma Roussef com 21,7% e Ciro Gomes com 17,5%, que divulgaram números com os candidatos das forças de apoio ao Governo Lula mais próximos de José Serra do que os números divulgados ontem pelo IBOPE.

O IBOPE como sabemos já passou recibo de que é tendencioso para a candidatura de José Serra, seu diretor Montenegro já fez diversas declarações no sentido de que o Presidente Lula não conseguirá transferir sua imensa popularidade para um candidato governista. Isso em um país onde temos a realidade de governantes não tão populares como é o caso de Lula hoje no Brasil, que conseguiram transferir os números de suas popularidades para desconhecidos que acabaram sendo eleitos. Como exemplos podemos citar a eleição de Fleury para Governador de São Paulo em 1990 com apoio dos bons números de aprovação do Governador Orestes Quércia e a eleição de Celso Pitta para Prefeito de São Paulo em 1996, com apoio de Paulo Maluf. Ambos, Quércia e Maluf tinham números positivos bem mais modestos que os de Lula hoje, mesmo assim conseguiram eleger seus sucessores.
Os números do IBOPE de ontem continuam com as mesmas distorções já demonstradas aqui em outras analises. Para o cidadão comum que não tem conhecimento dos detalhes que envolvem o planejamento de uma pesquisa de opinião em relação a tendência do eleitorado as distorções passam desapercebidas e o números acabam enganando. Nossa função, inclusive exercendo um direito garantido na constituição brasileira é de contrapor e esta verdadeira manipulação que o PIG vem impondo ao Brasil com ajuda do IBOPE a décadas e esclarecer a opinião pública com os meios que dispomos no momento, dentre os quais citamos principalmente a internet.
Nessa Pesquisa CNI /IBOPE persiste a distorção, inclusive já denunciada neste blog em relação aos números das cotas de entrevistados, mas porque as cotas são tão importantes no planejamento de uma amostragem de uma pesquisa séria?
A população da qual o eleitorado é parte integrante esta dividida em parcelas, que podem ser chamadas também de estratos, o eleitorado é uma parcela da população que hoje representa 68,5%, ele também pode ser dividido em parcelas por: sexo, idade, escolaridade e renda familiar. A população e o eleitorado também podem ser divididos em outras parcelas, como por exemplo: religião, tipo de transporte que usam, origem racial, enfim por variados tipos de categoria.
Cada parcela tem suas próprias características em função da geração a qual pertencem e de fatores como por exemplo; acesso a educação, acesso a recursos financeiros, tradição cultural e acesso a mídia (televisão, rádio, jornais e revistas).
Isso produz diferentes gerações de pessoas convivendo entre si com diferentes níveis de educação e acesso à informação, portanto com diferentes concepções sobre como escolher um candidato a presidência. Para uma parcela do eleitorado prevalece a questão prática sobre o que o candidato poderá fazer para melhorar suas condições de vida, para outra parcela prevalecerá a quantidade de noticias sobre possíveis irregularidades que o candidato ou seus apoiadores estejam envolvidos.
A forma em que essas parcelas da população definem suas opções é reflexo da combinação entre a quantidade de informações que recebem, combinadas ao grau de escolaridade e também experiência de vida que adquiriram ao longo de suas experiências de vida.
Para que a pesquisa reflita de forma isenta a opinião pública sobre todos os segmentos (parcelas) do eleitorado e suas opiniões públicas é fundamental que a amostragem reflita os números exatos similares as cotas fixas do IBGE e também do TSE.
Neste caso vamos fazer algumas comparações de números das cotas do TSE por Faixa Etária (Idade) e por Escolaridade com os números das cotas usadas pela Pesquisa CNI /IBOPE de ontem (07/09/2009).
Primeiro os números por Faixa Etária:

























Observem que o TSE já tem uma cota praticamente pronta, mas o IBOPE preferiu criar a sua própria cota com combinações de números que produzem resultados diferentes que confundem a identificação exata das cotas, mesmo assim na única cota TSE igual a usada pelo IBOPE, de 16 a 24 anos, existe uma diferença de 3 pontos para mais na parcela de entrevistas realizadas pelo IBOPE.

Nos números referentes à escolaridade também temos distorções:

Números do TSE referentes a escolaridade do eleitorado:

Não informado - 0,12%

Analfabetos - 6,10%

Primeiro Grau - Ensino Fundamental (lê, escreve, incompleto e completo) - 53,63%

Ensino Médio - 30,89%

Ensino Superior - 6,26%

Os números acima são do TSE, confira no endereço: http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/distribuicao.htm


Numeros do IBOPE referentes as cotas de entrevistados:

Ensino Fundamental (completo e incompleto) - 54% dos entrevistados

Ensino Médio (completo e incompleto) - 33% dos entrevistados

Ensino Superior (completo e imcompleto) - 13% dos entrevistados

Observem que temos pequenas diferenças para menos, no caso do Primeiro Grau (Ensino Fundamental), que representam 2,63 pontos a menos na cota de entrevistas do IBOPE com 54% de entrevistados em relação aos 56,63% de Escolaridade dos leitores pelo TSE. Por outro lado temos uma situação inversa em relação aos números da escolaridade no Ensino Médio, com 33,0% de entrevistados na amostragem do IBOPE e 30,89% na cota do TSE, ou seja, uma diferença de 2,11.
Outro aspecto que precisa ser analisado é a ausência dos 6,10% de analfabetos na amostragem do IBOPE. Mesmo que o próprio TSE observe que os números estão em constante atualização, no caso mesmo que o analfabetismo esteja caindo no Brasil, os analfabetos não desapareceram totalmente do universo da estatística por escolaridade, portanto teriam que figurar na amostragem.
Esse raciocínio vale também para a cota de entrevistados do IBOPE com Curso Superior, com 13% do total de 2002 entrevistas, quando os números do TSE, apesar das ponderações indicam 6,26% de eleitores brasileiros com Curso Superior.
Nesse sentido, mesmo que, o número de eleitores com curso superior tenha aumentado nos últimos anos, certamente ainda não chegaram a 13%.
Combinando a não inclusão dos analfabetos na amostragem com o número muito alto dos entrevistados com curso superior, temos a possibilidade de que os números referentes aos analfabetos estejam incluídos na cota das entrevistas dos eleitores com curso superior, quando o certo seria que se os eleitores analfabetos, se não fossem entrevistados em cota própria, no mínimo fossem entrevistados na cota dos eleitores com Primeiro Grau ou Ensino Fundamental, que passaria a representar aproximadamente 60% d amostragem do IBOPE.
Conclusão, a analise de todas as distorções existentes na amostragem do IBOPE, desde a diferença de três pontos no item faixa etária de 16 a 24 anos e também nas citadas acima no item escolaridade, permite constatar que existem manipulações de números na pesquisa do IBOPE que podem favorecer qualquer um dos candidatos que fazem parte da pesquisa. Nesse caso, como a diferença em números desta pesquisa do IBOPE em relação as pesquisas recentes do Sensus e do Vox Populi favorece a candidatura de José Serra, podemos afirmar que, o mínimo se trata de uma pesquisa tendenciosa.


Obs: Já entrevistei muitos eleitores que se declararam analfabetos, todos responderam a todas perguntas sem problemas, quando foi mostrada a ficha em forma de circulo com o nome de candidatos para escolha estimulada apenas tive que ler o nome de um por um dos candidatos e as outras opções para o eleitor analfabeto e ele indicou em qual candidato ou opção escolheria sem problemas.


Flávio Luiz Sartori - flavioluiz.sartori@gmail.com

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