domingo, 26 de julho de 2009

O INCRIVEL LIVRO DE GUNTER WALLRAFF: “CABEÇA DE TURCO”

Ficou faltando um comentário sobre um dos dois livros que indiquei como meus preferidos, já postei um texto sobre Criação de Gore Vidal, faltou “Cabeça de Turco” de Günter Wallraff publicado em 1985, portanto a 24 anos.
Mas porque esse livro e com um nome tão estranho?
“Cabeça de Turco” é livro espetacular, relata uma pesquisa sobre o comportamento de significativa parte da sociedade alemã e, porque não européia e do mundo, focado na Alemanha e sua sociedade pós Segunda Guerra Mundial.
Imagine que você é um jornalista alemão que decide se transformar em um imigrante turco para passar por todas privações que esses imigrantes viviam na metade dos anos oitenta do século passado. É exatamente essa experiência que o livro relata.

"Estrangeiro forte procura emprego. Pode ser trabalho pesado, sujo e mal pago." Com esse anúncio, publicado em vários jornais alemães em março de 1983, o jornalista Günter Wallraff começou uma investigação que iria abalar a Alemanha.
Foi o início da longa reportagem publicada no livro Cabeça de Turco, em 1985. Disfarçado de turco, Wallraff sentiu na própria pele e denunciou de forma contundente a discriminação contra os imigrantes no cotidiano alemão.
O autor descreveu detalhadamente o que vivenciou, sob o pseudônimo de Ali, numa empresa mediadora de mão-de-obra, na metalúrgica Thyssen e num restaurante McDonald's.
Ele desceu ao submundo da sociedade alemã para denunciar as brutais jornadas de trabalho de 16 a 24 horas por dia impostas aos estrangeiros, o tratamento desumano dispensado a trabalhadores braçais e pouco qualificados e a falta de segurança nos locais de trabalho, principalmente para operários turcos. O disfarce de Gunter foi tão perfeito que nem sua própria mãe o reconheceu.

Ao ler “Cabeça de Turco” fiquei impressionados com as reações dos alemães e dos turcos frente a realidade do dia a dia em uma sociedade ainda dominada pelo preconceito foi uma viagem fantástica a um universo que, muitas vezes, preferimos fingir que não existe apesar de ele estar sempre ali ao nosso lado.

Flavio Luiz Sartori

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