Motoristas cruzam os braços em São Paulo sem apoio do
sindicato da categoria.
Na semana passada os motoristas e cobradores de ônibus do município
do Rio de Janeiro fizeram dois dias de greve, foi um movimento não encampado
pelo sindicato da categoria, que já tinha negociado com os proprietários das empresas de ônibus
e inclusive aprovado em assembléia um índice de aumento que uma parte
significativa da categoria não aceitou e resolveu se organizar em uma greve
paralela utilizando-se de de piquetes, fechamento de vias de acesso,
terminais e garagens.
Esta situação também se repetiu ontem, 20/05, em São Paulo, depois
que uma parte dos trabalhadores não concordou com o acordo firmado entre trabalhadores
e patrões e partiu para uma paralisação organizada em um movimento espontâneo paralelo, que acabou por causar um verdadeiro caos no município.
Em ambas situações as autoridades municipais foram “pegas”
de surpresa.
A alguns anos atrás acompanhei uma eleição para o sindicato
dos condutores em Campinas, a oposição estava muito bem organizada, só era possível
ver a campanha eleitoral deles na rua, não aparecia nada da situação, tudo parecia
indicar no sentido de que a oposição seria vitoriosa. Depois fiquei sabendo
pelos motoristas e cobradores da chapa de oposição que nos dias da eleição apareceu motorista e até
mesmo pessoas se dizendo motoristas, que eles nem sabiam que existiam. Resultado
a situação saiu vencedora. Os membros da oposição denunciaram aquilo que seria
a fraude, mas não aconteceu nada, a tempos que a imprensa faz o jogo dos proprietários
das empresas de ônibus.
As oposições sindicais se organizam e vencem as eleições,
porém não levam, porque são “derrotadas” por arranjos ilegais, assim pelegos
que não representam mais a totalidade da base dos sindicatos que
comandam, permanecem negociando em nome de uma categoria de trabalhadores, que
na realidade querem ver eles pelas costas a muito tempo.
É exatamente isso que esta acontecendo com os sindicatos
dos condutores de São Paulo e do Rio de
Janeiro.
As manifestações de junho e julho do ano passado mostraram
que significativos setores da sociedade brasileira estão cada vez mais descrentes em governos, instituições e representações sociais no Brasil. Nesse quatro, os sindicatos também estão inseridos, principalmente aqueles comandados por
pelegos que perderam o rumo da história e teimosamente, de forma oportunista se negam a deixar o
poder.
A perda de controle sobre a base sindical por parte dos pretensos
dirigentes dos sindicatos dos condutores em São Paulo e no Rio de Janeiro é um sintoma desse novo momento que a sociedade brasileira vive.
Cansados de serem traídos e passados para trás os motoristas
e cobradores estão partindo para tentarem fazer valer seus direitos com “suas
próprias mãos”. Simplesmente ignoraram o papel histórico e institucional de
seus sindicados porque estes já a muito tempo não
representam nada para eles.
As autoridades públicas, principalmente na esfera municipal, terão que
se adaptar a nova realidade e passar a buscar interlocução junto a estes novos líderes, caso contrário, continuaram sendo pegas de surpresa por movimentos espontâneas
que são decorrentes da frustração de
trabalhadores que, cada vez mais perdem a confiança em seus sindicatos.
Flávio Luiz Sartori
Nenhum comentário:
Postar um comentário