sábado, 29 de março de 2014

SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA !!! POR DISLENE DE LEMOS, MÉDICA GINECOLOGISTA, OBSTETRA E SEXÓLOGA.


Para a Dra. Dislene Lemos a participação dos pais na educação sexual
dos filhos é fundamental.


Em nossa sociedade o tema sexualidade ainda é um tabu, cercado de mistérios. Os problemas relativos à sexualidade são muito freqüentes. 

Dada a relevância do tema, deveria haver clara discussão entre adultos e adolescentes, principalmente pais e filhos, professores e alunos. Por outro lado, sabemos que os adultos que cercam o adolescente, têm dificuldade para abordar esse tema, impedindo com isso que os jovens tenham uma fonte confiável e segura, para esclarecer suas dúvidas. Há a considerar o temor dos adultos de que o conhecimento do corpo pelo adolescente facilite ou o leve ao ato sexual precoce. Uma ideia errônea, que infelizmente empurra  o jovem ao início precoce da vida sexual, movido pela curiosidade, pelo apelo da mídia, e até mesmo pela pressão do grupo social ao qual está inserido. Além disso, a crença religiosa é outro  fator impeditivo, quanto a uma abordagem clara e ampla da sexualidade junto ao adolescente.

 Acompanhar desde cedo o processo de desenvolvimento desse jovem pode ajudar-lo a prevenir problemas futuros como abuso sexual, gravidez não desejada, disfunções sexuais propriamente ditas como diminuição da libido, dispareunia ( dor durante o ato sexual), disfunção erétil, ejaculação precoce, etc. 

 Diante da dificuldade encontrada em casa e do silêncio como resposta, o adolescente tende a procurar informações em outras fontes como internet, colegas, amigos também com a mesma insegurança, contribuindo, dessa maneira, para a prática sexual de forma insegura, constatada nos altos índices de gravidez indesejada na adolescência, infecções pelo HIV e outras DSTs, dentre elas HPV. Hoje 8 em cada 10 mulheres já esteve em contato com o vírus HPV. 

 

Todo jovem tem o direito ao aceso a informação de forma segura, de ser orientado corretamente sobre sua sexualidade e esta deve começar em casa, junto aos pais, estendendo-se à escola e as demais instituições da sociedade, os quais devem estar preparados para o diálogo. Daí a necessidade de buscarmos conhecer melhor os mitos, tabus e a realidade da sexualidade para que possamos abordá-la de forma mais tranquila com os adolescentes. Torná-lo capaz de decidir questões como: o momento de iniciar suas relações sexuais, usar ou não um anticoncepcional, usar camisinha, entre outras, sem sentimentos de culpa, sem transtornos de ordem emocional. 

 Manter um diálogo franco e entender as manifestações dessa sexualidade peculiar a idade é o caminho.
 Quanto ao uso de anticoncepcionais, este deve ser iniciado tão logo se inicie a atividade sexual, visto os efeitos deletérios (prejudicial) de uma gravidez indesejada na adolescência. Em geral, os adolescentes têm condições de utilizar qualquer método de anticoncepção e devem ter acesso aos mesmos. A idade em si, não constitui critério médico para contra-indicar anticoncepcional. É claro que vários critérios médicos de elegibilidade de um método contraceptivo se aplicam as jovens. Fatores sociais e comportamentais constituem importantes considerações na escolha do método. 

 Em alguns cenários as adolescentes apresentam maior risco em relação às DSTs , fator importante a ser considerado. Apesar das adolescentes poderem utilizar qualquer método anticoncepcional, a escolha de um método que não exija um regime diário, pode ser o mais adequado. As adolescentes também têm demonstrado maior intolerância aos efeitos colaterais dos anticoncepcionais, apresentando maior taxa de abandono. 

 A orientação adequada em relação ao uso do método contraceptivo pode ajudar à adolescente a lidar com os problemas específicos de cada método. 

 O uso da “camisinha” deve ser sempre encorajado, mesmo quando se faz uso de outro método e quando a relação sexual é apenas com um parceiro fixo. As meninas podem procurar o ginecologista sempre que apresentarem alguma sintomatologia e sempre antes do inicio da atividade sexual. Os meninos podem ser orientados pelo Urologista e também por sexólogo. 


Dislene Lemos
Médica ginecologista, obstetra e sexóloga.

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