realmente temem qualquer capacidade de mobilização
que venha da sociedade.
Como sempre, quando é necessário se apresentar em defesa de
uma situação para qual não existe possibilidade de uma argumentação possível,
aparece o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para tentar
arrumar justificativas para o impossível.
Para quem não se lembra, na votação da Medida Provisória dos
Portos no primeiro semestre do ano passado, Eduardo Cunha resistiu e de tudo
fez para criar embaraços durante a votação, aparentemente, repito,
aparentemente, por motivos de disputa com as lideranças do Governo Dilma, uma desculpa
não aceita de tanto esfarrapada.
A campanha para arrecadar recursos financeiros para pagar a
multa dos petistas condenados no julgamento do mensalão foi uma demonstração de
capacidade de mobilização de militância e também social, que não deve ser atribuída como que se
fosse uma virtude só dos petistas. Outros partidos se testados em situação
semelhante certamente demonstrarão a mesma capacidade para tal iniciativa,
podem ter certeza disto.
O problema na realidade está no próprio PMDB, um partido que
ascendeu ao poder em praticamente todo o Brasil nos anos oitenta do século
passado, se aproveitando por ter herdado o nome do antigo MDB, uma frente de
oposição contra as forças políticas que apoiavam a Ditadura Militar organizadas
na ARENA, que teve uma vitória estrondosa na eleição de 1986 se apoiando no
aparente sucesso do Plano Cruzado e foi praticamente tomado de assalto por
grande parte das forças políticas fisiológicas que atuavam nas sombras da Ditadura
Militar nos anos sessenta e setenta do século passado.
Desde de então o PMDB foi sendo dominado paulatinamente por
um caciquismo oportunista, ao mesmo tempo em que se aproveitou do ganho político
acumulado em face da prática fisiológica mantendo-se no poder em praticamente
todos governos que se seguiram ao final do Governo Sarney em 1990. Hoje, no
PMDB a militância por convicção, mesmo que seja com um mínimo de identidade partidária
praticamente não existe. O partido está condenado a viver em função da
capacidade de ocupar espaços no poder sob o comando de uma verdadeira casta de
caciques que tratam aqueles que tentam ser militantes peemedebistas como meros
empregados.
Nesse contesto, o PMDB praticamente perdeu a capacidade de
se articular nos segmentos representativos da sociedade brasileira para se
tornar um partido a serviço de todo tipo de poder que se apresente, dentre os
quais podemos muito identificar os irmãos Marinho da Rede Globo.
A reclamação de Eduardo Cunha, um dos lideres do PMDB no
Congresso Nacional que talvez mais sintetize a faceta de um partido, hoje, sem
capacidade de mobilizar bases sociais e condenado ao bel prazer de um caciquismo
oportunista, soa muito mais como uma "churumela" do que uma reclamação a ser
levada a sério.
O que esta por de traz da aparente reclamação de Eduardo Cunha
é o fato de que o inegável sucesso da campanha de arrecadação de recursos para
o pagamento das multas dos condenados no mensalão mostrou que existem setores
na sociedade brasileira, que podem sim se organizar sem precisar do apoio da
chamada mídia nativa e isto muito provavelmente provocou calafrios nos
Marinhos, Frias, Mesquitas e Civitas dentre outros, que cada vez mais se
confrontam com a realidade de que seus dias de detentores do poder de “formar
opiniões” estão chegando ao fim.
Flávio Luiz Sartori.
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