quinta-feira, 26 de maio de 2011

DIRETO DO VIOMUNDO: ENTREVISTA COM O ATOR JOSÉ DE ABREU ONDE ELE ABORDA DE MANEIRA ENFÁTICA O CRESCIMENTO DA MÍDIA DIGITAL E DISCORDA DA IMPLANTAÇÃO DE UMA "LEI DOS MÉDIOS" AQUI NO BRASIL.

José de Abreu e a militância acima dos partidos

José de Abreu: “A politização dos indivíduos na rede está acima dos partidos e dos governos”

JOSE DE ABREU PROPÕE UM NOVO OLHAR SOBRE A MÍDIA.

Rachel Duarte
Jovem militante nos tempos da ditadura militar, gaúcho por adoção, ator global há 30 anos e um influente ativista da internet, José de Abreu prestigiou o lançamento do Gabinete Digital de Tarso Genro nesta terça-feira (24) e, ao final do evento, conversou com o Sul21. Ele falou sobre sua relação com a política e a militância assumida no Partido dos Trabalhadores (PT).
Petista tradicional desde 1989, o ator de 65 anos tornou-se atração no Twitter durante as eleições de 2010 pelo desempenho em favor do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e pela eleição de Dilma Rousseff. Com mais de 12 mil seguidores na rede social, ele analisou o poder da web para o exercício da democracia. Para José de Abreu, ao contrário do que dizem alguns críticos, a internet é um meio de politização e tem um poder fundamental nas relações sociais e políticas na era da globalização.
Trabalhando na novela Insensato Coração, Abreu acredita que as concessões das grandes emissoras brasileiras estão ameaçadas com a expansão das mídias digitais e não deixou de citar a decadência das redes brasileiras de TV e mesmo da Rede Globo diante do crescimento das empresas de telecomunicações estrangeiras no Brasil.
Sul21 – O senhor já foi preso por perseguição política durante o período de exceção e buscou refúgio no Rio Grande do Sul. Por viver aqui, em Pelotas, o senhor disse que adotou a cidade e não esconde o título de Cidadão Pelotense.
José de Abreu (JA) – Fui preso por dois meses, em 1968, durante o congresso na UNE (União Nacional dos Estudantes). Saí do país no final de 1972, quando tive um exílio forçado na Holanda, e voltei no final do ano seguinte para Pelotas (RS). Eu escolhi o Rio Grande do Sul porque era bem perto do Uruguai, qualquer coisa era fácil de escapar bem rápido. (risos) E, quando eu recebi o título de Cidadão Pelotense, o presidente da Câmara de Vereadores disse que estava me concedendo o título ciente de que eu não iria assumi-lo… Mas eu tenho orgulho de dizer que sou de Pelotas, apesar de isso ser motivo de piada. Meus dois filhos são bem machos inclusive, a filha um pouco menos. (risos)
Sul21 – Qual a razão da sua vinda ao RS para o lançamento do Gabinete Digital de Tarso Genro? Motivação ideológica?
JA – Não. Ele ficou surpreso quando me viu aqui. Eu vim sem o governador saber que viria. A minha vinda aqui foi pelo meu ativismo na internet. Aqui, o governo gaúcho compreendeu o avanço da cultura digital no mundo, potencializada no Brasil com o governo Lula. No governo Lula, o Ministério da Cultura foi aberto para os cidadãos e poderíamos ser os primeiros do mundo em liberdade digital, se o governo Dilma compreendesse isso. Agora existe uma mudança neste sentido. Mas, eu tenho uma esperança que o governo federal mude isso. Se não acontecer, nós vamos para a rua.
Sul – Qual é a sua crítica?
JA – Eu sou um interneteiro antigo, entrei no BBS na década de 90. Na campanha de 1995 eu tinha um blog muito ativo e tive que abandoná-lo porque fui processado várias vezes. A impressão que eu tenho é que a presidenta Dilma Rousseff não sabia o que estava acontecendo em termos de cultura digital quando nomeou a Ana (Ana de Hollanda, atual Ministra da Cultura). O trabalho que havia sido feito no governo Lula foi completamente ignorado. O Ministério da Cultura tinha virado um acampamento virtual, do qual os usuários se empoderaram.
Sul21 – Qual a importância da internet para o exercício da democracia e como o senhor avalia o comportamento do Brasil com revolução das mídias digitais?
JA – A mídia digital está tomando conta. As pessoas estão impondo outro modo de governança.
Há uma politização dos indivíduos na rede nunca vista no mundo e que está acima dos partidos e dos governos.
E, se os partidos ou governos não se antenarem serão levados de roldão. Quando eles menos esperarem terá uma multidão na porta pedindo mudanças e eles, se não acompanham os debates na internet, não saberão nem que mudanças que as pessoas querem.
Sul21 – Vários movimentos de protesto no mundo estão sendo organizados com o uso das redes sociais da internet. Qual o significado desse fenômeno que está mudando as relações sociais, políticas, culturais e econômicas no século 21?
JA – A internet significa para o mundo uma nova forma de democracia direta. Desde Atenas (Grécia) não tínhamos algo tão aberto. Os governos e nós mesmos ainda estamos nos apropriando desta ferramenta e entendendo o poder que temos nas mãos. Eu ainda levo um susto no momento em que estou fazendo uma twitcam e segundos depois o Lula me liga, na condição de presidente ou ex-presidente da República. Então eu começo a me dar conta que o que eu faço tem certo poder. Mas eu fui criando a minha rede de seguidores sem me dar conta disso. Agora, as pessoas que seguem buscam conteúdo. É outro tipo de seguidor. Eu falo só de política. Mas os governos têm que ter este estalo.
O gabinete digital gaúcho irá sentir este poder com a criação desta ferramenta. Outros governadores também já se anteciparam, o Déda está fazendo isso em Aracaju, no Ceará o Cid Gomes também está fazendo. Se a Dilma não se der conta ela pode ser surpreendida com uma maré de pessoas pedindo liberdade. Liberdade de quê? Ela nem saberá…
Sul21 – Para o real exercício da democracia com as mídias digitais é preciso que todos possam ter acesso à internet. Qual a sua opinião sobre o Plano Nacional de Banda Larga que está sendo gerido e debatido no Brasil?
JA – Eu não acho que a Lei dos Medios (inspirada na Ley de Medios da Argentina que cria mecanismos para combater a concentração midiática do país), que defendem alguns ativistas como o Paulo Henrique Amorim, seja a melhor alternativa para o Brasil. Ela pega apenas rádios e televisões, não pega jornal, por exemplo. A programação de uma emissora de TV, seja a RBS ou a Record aqui no RS, só tem 10% de jornalismo. A Ley de Medios só funcionaria também para as emissoras outorgadas, com concessão. Com a chegada da internet já está havendo um impacto nas emissoras. A rede é ilimitada. Tu pode ter dois canais um em cima do outro. O mesmo com as TVs a cabo e o sinal das parabólicas. As concessões irão acabar…
Sul21 – O senhor está sendo otimista, porque este debate da regulação dos meios é muito velado e há um grande monopólio constituído.
JA – As grandes oligarquias são grandes só no Brasil. Mas, com a chegada das teles estrangeiras a Globo e a Record ficaram pequenas. O mundo digital engole estas emissoras. Quem é a Globo perto da Google?
A Globo é um pintinho perto da Google, da Tim, da Telefônica da Espanha ou da Telecom de Portugal.
A diferença no faturamento é absurda da Globo (R$ 28 bi) em comparação com as teles estrangeiras (R$ 180 bi). Agora, eu acho que é importante ter banda larga para todo mundo. Uma grande rede mundial para conectar todos em wi-fi seria maravilhosa. No RJ toda a praia tem wi-fi.

sábado, 14 de maio de 2011

INCRÍVEL: LUCIANO HUCK TENTA LEMBRAR A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS NO BRASIL NO 13 DE MAIO APENAS COM A FIGURA DA PRINCESA ISABEL SEM OS AFRO DESCENDENTES, OS PRINCIPAIS PERSONAGENS DESTA TRISTE PÁGINA DA NOSSA HISTÓRIA.

Hoje à tarde vi Luciano Huck, apenas por alguns minutos, mas tempo bastante para assistir em seu programa a pretensa homenagem do apresentador ao dia treze de maio, data em que em 1988, a Princesa Isabel, regente no trono no lugar de seu pai, o Imperador D. Pedro II, assinou a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. Lembrando que esta lei foi aprovada em um parlamento depois de exaltados debates, aliás, nada diferente de outras leis polêmicas que passaram pelo parlamento brasileiro, como por exemplo, a Lei do Desquite de 1977, que provocou intensos debates à nível nacional.

Engraçado, a maioria da mídia tradicional insiste em falar da libertação dos escravos no Brasil sem colocar os afro descendentes como principais protagonistas do evento, preferem falar da Princesa Isabel como que se ela fosse a única responsável pela libertação dos escravos no Brasil. Esquecem que milhares morreram na servidão no que pode ser considerado um dos grandes genocídios da historia da humanidade, preferem empurrar este detalhe fundamental para debaixo de tapete.

Quando eu era um menino, na escola, em plena ditadura militar, as cartilhas exaltavam as virtudes heróicas da "Redentora Princesa Isabel", incutiam em nós a ideia de que a libertação dos escravos foi um ato heróico de uma só pessoa. Essa ideia mentirosa mascarou durante muitos anos uma verdade que ficou escondida, a de que o Brasil foi construído pelo trabalho de milhares de escravos, primeiro índios, depois afro descendentes trazidos à força da África, onde eram aprisionados como animais e perdiam totalmente suas identidades, forçados a mudar de vida para uma realidade verdadeiramente infernal.

No Brasil de hoje soa até, de certa forma, engraçado ver o Luciano Huck homenagear a libertação dos escravos com uma brincadeira que teve apenas a figura da Princesa Isabel no centro das atenções.

Na minha opinião o treze de maio deve ser uma data para reflexão sobre o trabalho escravo no Brasil, que ainda não foi totalmente extinto em nosso pais, lembrando que a região Campinas, na qual eu resido, ocupou no período da escravidão oficial no seu auge no século XIX, o primeiro lugar no trafico de escravos no interior de São Paulo.

Para encerrar e tornar nossa reflexão sobre a escravidão no Brasil um pouco mais realista, um vídeo com as obras dos artistas Debret e Rogentas que apenas retrataram o que viram quando aqui no Brasil estiveram no século XIX.



Boa reflexão.

Flávio Luiz sartori - flavioluiz.sartori@gmail.com

domingo, 8 de maio de 2011

FIM DE NOITE E DE REPENTE ME DEPARO NA TV A CABO COM BUENA VISTA SOCIAL CLUB, QUE PENA ESTAVA NO FIM. SÓ RESTA ENTÃO ESTA SINGELA HOMENAGEM, DEMAIS.....



  

CHAN CHAN

De Alto Cedro vou para Marcané
Chego a Cueto e vou para Mayarí


O carinho que tenho
Eu não o posso negar
E fico babando
Eu não o posso evitar


Quando Juanica e Chan Chan
Peneirando areia na praia
como sacudia o "jibe"
A Chan Chan lhe dava pena


Limpe o caminho de palhas
Que eu quero me sentar
Naquele tronco que vejo
E de alguma forma eu não posso chegar

DE Alto Cedro vou para Macané
Chego ao Porto vou para Mayarí.


Bom inicio de semana para todos....


Flávio

quarta-feira, 4 de maio de 2011

2001: O ANO QUE SÓ COMEÇOU ACABAR EM 2011, AGORA SÓ FALTA ESCLARECER A MORTE DO EX PREFEITO ANTONIO DA COSTA SANTOS DE CAMPINAS



Caso não tivesse acontecido o 11 de Setembro de 2001 de Nova York, o assassinato do 
Prefeito Antônio da Costa Santos poderia ter tido um peso maior na mídia com 
consequente maior repercussão na opinião pública que forçaria as autoridades policiais e o poder judiciário agirem com mais rigor.


Ao lerem o título deste texto possivelmente muitas pessoas poderão imaginar que este "escevinhador" (me desculpem os verdadeiros inventores da palavra) concorda com assassinatos a sangue frio como o que aconteceu com Osama Bin Laden.


Isso não, de maneira alguma, mesmo uma pessoa como Bin Laden que transformou um embate político na chacina do World Trade Center em 2001 deveria ter tido um julgamento justo, de preferência por um tribunal isento, algo parecido com Nuremberg pós Segunda Guerra Mundial.


É muito difícil não esquecer aquela quase madrugada de 10 de setembro de 2001 quando o sempre amigo Isaac Martins, liderança comunitário da região do Campo Grande aqui em Campinas me telefonou para informar que os noticiários da noite, quase dia seguinte, informavam que o Prefeito Antonio da Costa Santos tinha sido assassinado em um crime que parecia comum, um aparente caso de tentativa de assalto, que depois paulatinamente foi se transformando em um crime por encomenda que permanece impune como, um verdadeiro mistério até hoje.


Horas depois, ja em pleno onze de setembro, enquanto eu trabalhava gerenciando uma pesquisa sobre transporte intermunicipal, fiquei sabendo ao telefonar para minha esposa que a televisão mostrava ao vivo uma das torres gêmeas em fumaça depois de ter sido atingida por um avião de passageiros Boing, não aguentei, não podia  perder aquele momento histórico de maneira nenhuma, dispensei a equipe e fui embora para casa assistir a cobertura do fato ao vivo pela televisão.


Logo que cheguei, minutos depois de  ir para frente de TV vi um segundo avião atingir a outra torre gêmea, em seguida uma depois a outra vieram ao chão como que se tivessem sido implodidas, impactante.


Enquanto Campinas velava Antonio da Costa Santos, diante do 11 de setembro de Nova York, sua morte ficou em segundo plano, seus assassinos, digo os verdadeiros mandantes e os motivos reais do crime também foram absorvidos pela mídia massiva voltada para o ataque orquestrado por Bin Laden e seus seguidores.


Nos últimos anos a ação terrorista parecia esquecida até de Barack Obama necessitando mais do que nunca de uma ajuda para continuar na Casa Branca nas eleições do ano que vem resolveu usar Bin Laden, uma das cartas que tinha na manga para não correr riscos.


E Antônio da Costa Santos, o Toninho, como ficará? Será esquecido?


Flávio Luiz Sartori